O avanço da cerveja artesanal no Nordeste

07/11/2018

Sempre que pensamos em cerveja artesanal aqui no Brasil, acabamos lembrando dos principais players que estão situados em cidades do Sul e Sudeste brasileiros. De fato, inicialmente era assim que funcionava. O desenvolvimento era maior em estados com maior potencial econômico e populacional. Com isso, havia a garantia de vazão do volume produzido, sem que houvesse tanta necessidade de enviar para mais regiões no país. Mas isso tem mudado gradativamente! Hoje temos uma série de cervejarias que nasceram no Nordeste e estão conquistando cada vez mais clientes, lá e aqui no Sul/Sudeste também. Conversamos com Wellington da 5Elementos (Fortaleza/CE), Luiz da Patt Lou (Recife/PE) e Thome da DeBron (Recife/PE). Eles me contaram um pouco mais sobre a cerveja artesanal no Nordeste.

1 – No Brasil, a grande maioria das cervejarias se concentram nas regiões Sul e Sudeste. Porém, nos últimos anos temos visto um crescimento grande do número de cervejarias, ciganas ou não, no Nordeste. A que ou a quem vocês atribuem este crescimento?
Wellington (5Elementos): O Brasil ainda é adolescente na questão cerveja artesanal e o Nordeste ainda está andando de fraldas nesse ponto. A popularização do produto e o acesso mais fácil às aquisições dessas cervejas facilitaram a expansão do mercado.

Luiz (Patt Lou): Acreditamos muito no amadurecimento do mercado como um todo. No início, muitos empresários acreditaram nesse amadurecimento e investiram para abrir suas cervejarias. Tiveram que trabalhar pesadamente para convencer os estabelecimentos que era o momento da entrada de produtos produzidos localmente. E por fim, o consumidor que começou a valorizar o produto local, a cerveja artesanal como um todo, e então passaram a perguntar nos pontos de venda sobre as cervejas artesanais.

Thomé (DeBron): Um ponto importante é o grande aumento no número de cervejarias. Automaticamente aumenta a oferta pelo produto e com isso é necessário que haja a mudança na cultura de consumo do produto.

2 – Em relação ao consumo de cerveja artesanal no Nordeste, como vocês têm sentido em relação à venda e procura?
Wellington (5Elementos): O aumento da procura é notável e percebemos isso com o aumento da nossa produção. Iniciamos nossos trabalhos em 2016 produzindo 1200L/mês e agora estamos fazendo 7000L/mês e ainda assim não conseguimos atender a toda demanda. Isso é muito bacana porque observamos que temos públicos de diversas regiões do país, mas notamos um aumento significativo na região Nordeste, sem dúvidas.

Luiz (Patt Lou): Apesar de sermos ainda a menor cervejaria artesanal no estado de Pernambuco, estamos muito felizes com o feedback dos consumidores. Muitas marcas surgiram, seja por novas fábricas, seja por ciganos (só nós temos 10 ciganos de pequeno porte produzindo cerveja  na Cervejaria Patt Lou).

Thomé (DeBron): Está em franca expansão. Já existe vários movimentos que visam “ensinar” o público novo a entender mais sobre cerveja artesanal, muito semelhante com o que aconteceu com o vinho no passado.

3 – Falando em público, quem são os principais consumidores da sua cerveja?
Wellington (5Elementos): Nosso público é composto principalmente pelo consumidor que já conhece cerveja artesanal, mas também temos muito iniciantes que frequentam o nosso taproom ou compram nossos produtos nos bares e lojas especializadas.

Luiz (Patt Lou): Inicialmente nós imaginávamos que o público consumidor seria o A/B, porém, temos pontos de venda em diferentes localizações da capital e no interior do estado. Então, hoje não é fácil identificar, cada dia que passa, novos consumidores entram para o universo das cervejas artesanais.

Thomé (DeBron): Os principais consumidores da Debron estão na faixa etária de 25 a 40 anos. Quando falamos em Nordeste, temos uma atenção especial para o público iniciante neste mundo de cerveja artesanal. Nosso desejo é desenvolver o segmento e trazer mais apaixonados para perto da cerveja artesanal.

4 – Por fim, o que esperar nos próximos anos da cerveja artesanal no Nordeste e da cerveja artesanal nordestina?
Wellington (5Elementos): O nordestino é perseverante por natureza própria. Acredito que a 5Elementos, juntamente com outras cervejarias aqui no Nordeste, podemos capitanear essa revolução cervejeira que já acontece no nosso país. Espero que muita coisa boa venha por aí, principalmente com essa galera mais empolgada e a fim de quebrar paradigmas. O reconhecimento do público das regiões Sul/Sudeste já é bastante gratificante. Enxergo tudo isso como recompensa pelo trabalho sério que seguimos fazendo nesse curto período.

Luiz (Patt Lou): A evolução do mercado será muito mais rápida do que imaginamos. Novos produtos vão surgir. Estilos de cerveja menos convencionais ainda precisam ser explorados. O consumidor ainda precisa de ajuda para escolher sua cerveja. Então, vejo um mercado promissor e em crescimento para as cervejarias.

Thomé (DeBron): A cerveja Artesanal no Nordeste só cresce, não é à toa que notamos o crescimento de micro cervejarias ganhando espaços nos bares e supermercados. Hoje o consumidor está disposto a pagar um preço um pouco mais alto por um produto de qualidade, então sem dúvidas o mercado de cerveja artesanal só cresce. Podemos exemplificar esse crescimento até mesmo com o nosso exemplo: a DeBron foi pioneira na região e hoje Pernambuco já tem 22 marcas de cerveja artesanal, com outras tantas em fase de formalização.

É uma satisfação enorme para mim e para o Clube do Malte ver esse crescimento tão grande da cerveja artesanal no Nordeste. Estamos sempre focando nossos esforços para diminuir as barreiras de compra e logística com essa região que consideramos importante.

Vida longa a todas as cervejas e contem sempre conosco!

Fonte: Clube do Malte