Cerveja artesanal não é só pra homem, não!

12/08/2019

Quem foi que disse que cerveja não é coisa de mulher? Sério! Eu gostaria muito de saber como esse conceito foi criado. E, pelas pesquisas que já realizei descobri alguns pontos interessantes em relação a isso e mostrar que cerveja artesanal não é só para homem, não!

Primeiro, as mulheres sempre tiveram papel fundamental na história da cerveja. Na antiguidade, a arte de produzir esse líquido sagrado era uma atividade exclusiva da mulher. PASMEM! Enquanto o homem saía para caçar, guerrear ou trabalhar, ficava a cargo da mulher preparar a comida e a bebida da família, o que incluía a cerveja.

Fato é que a cerveja começou a ser produzida em grande escala e domínio feminino da produção da cerveja diminuiu quando a bebida passou a ser um negócio comercial, despertando assim a presença masculina dentro das fábricas. Possivelmente por esse fato a bebida ficou atrelada ao gênero masculino.

Mas, hoje isso já não é mais assim, ou ao menos não deveria ser. Ao mesmo tempo que muitas mulheres estão dominando a criação e produção nas cervejarias, assim como dentro de todo o mercado cervejeiro, como sommelières, professoras, cervejeiras, juízas de concursos de cerveja, administradoras de cervejarias, pesquisadoras, donas de cervejarias, entre tantas outras atividades totalmente ligadas à prática e cultura cervejeira, além é claro, de serem consumidoras da bebida, há ainda, uma certa desconfiança masculina de que as mulheres realmente entendem de cerveja. E, nesse caso, falo por experiência pessoal.

Infelizmente ainda é muito comum encontrarmos algumas pessoas que acham que cerveja não é coisa de mulher; que mulher não endente nada de cerveja; e pior, que mulher gosta só de cerveja levinha, docinha, etc. e ainda que existe um tipo de cerveja para mulher.

E não falo isso à toa. Já tive experiências próprias que me fizeram observar esse comportamento. Uma delas é quando peço uma IPA em um bar e o atendente me pergunta se realmente quero isso, “por que a IPA é uma cerveja mais amarga, mas forte e talvez eu prefira uma outra mais leve”. Não julgo esse ser que falou isso, mas a sociedade como um todo e principalmente as cervejarias que já criaram cervejas com pouco ou nenhum amargor, complexidade e baixo teor alcoólico e as vendem como “cervejas para mulheres”. Isso sim é péssimo! Degustar e gostar de determinados tipos de cerveja nada tem a ver com gênero. Pelo amor né? Quem foi que disse que mulher não tem gosto por bebidas mais amargas, complexas ou alcoólicas e que homem só gosta de bebida forte. Na minha casa, inclusive, é bem ao contrário. Meu esposo prefere as cervejas mais leves e eu as mais pancadas (hoje as sours são as minhas novas cruchs). E isso não tem problema algum.

Mas essa não é a única coisa que percebo nas rodas cervejeiras. Algo que também já aconteceu muito comigo é os “homens” não prestarem atenção quando eu começo a falar sobre uma determinada cerveja, explicar sobre um estilo, ou demostrar mais conhecimento sobre a bebida.

Mas, quero salientar e ressaltar, que esses tipos de situações normalmente acontecem fora do universo das cervejas artesanais. Nesse cenário o trabalho e principalmente a aceitação feminina seja degustando, opinando ou trabalhando com a bebida, mudou e muito.

Hoje também é possível ver um aumento significativo das mulheres na busca por cursos e especializações na área, principalmente com a intenção de empreender no segmento. Além do mais, é cada vez mais natural e comum vermos em bares e pubs as mulheres apreciando uma boa cerveja, escolhendo seus rótulos, falando sobre e crescendo no meio cervejeiro. O mercado cervejeiro está acendendo e a participação feminina nesse nicho já é bastante considerável e tende a crescer ainda mais. Aqui no Clube mesmo, até o segundo semestre de 2018 o quadro de funcionários contava com 50% mulheres, hoje esse número chegou a 70%.

Então vamos acabar com isso de uma vez por todas pessoal. Cerveja é algo tão cativante, apaixonante e, com certeza, não é um assunto só para homens. Essa ideia de que cerveja não é coisa de mulher, que mulher não entende nada da bebida e que mesa de bar não é lugar de mulher, é uma visão totalmente machista, deturpada, ultrapassada e que dia após dia tem ficado cada vez mais para trás.

Lugar de mulher é onde ela quiser! E cerveja de mulher é a que ela quiser tomar!

Cheers!

Fonte: Clube do Malte