Café e a cerveja

14/09/2018

Segunda feira, sete horas da manhã, o despertador toca. Se eu colocar na soneca vou ter que deixar de tomar banho para dar tempo de chegar ao trabalho, melhor levantar. Acho que vou tomar um café para acordar direito. Trânsito, diversas moscas mortas dirigindo como se estivessem de férias, procurando o endereço da casa de campo na cidade onde nunca estiveram, enquanto tentamos desesperadamente achar uma brecha para a ultrapassagem que não aparece nunca.

Finalmente na empresa, máquina de ponto quebrada, vou ter que anotar ocorrência, lembrar o horário que cheguei, assinar papel com justificativa. Senta em frente ao computador, abre o aplicativo de e-mail, onze mensagens dizendo que os vídeos aprovados na sexta feira agora têm alteração e precisam ser refeitos. Acho que vou tomar outro café para fazer o serviço render.

O dia segue naquela loucura
Refacção após refacção, almoço que atrasa por conta de prazo, filas no restaurante, erram o ponto da carne, acabou o suco de laranja. Horas extras depois e finalmente vamos embora. Um ser que não deveria nem ao menos ter CNH estaciona torto na vaga ao lado e preciso de dezoito manobras a mais para sair da vaga que entrei com duas. É… Acho que preciso parar em um bar, tomar uma para passar o cansaço desse dia, o famoso happy hour. Aquela cerveja marota para esquecer dos problemas todos que passei ao longo do dia.

No mundo moderno somos movidos a café e álcool. Quando eu era um pirralho pouco maior que um hobbit, meus pais sempre diziam: “Não toma isso, moleque. Isso é bebida de adulto”. Valia para o café e para a cerveja também. Sempre fiquei na curiosidade. Anos se passaram e finalmente tive o alvará para provar aqueles elixires que ventilaram a curiosidade durante toda a infância. Mal sabia eu que café e cerveja são na verdade uma necessidade da vida adulta. Agora aos meus 35 anos, já tendo passado por diversos empregos em carreiras diferentes, ainda em estágio de mudanças, cursos atrás de cursos, boletos após boletos, arrisco dizer que a qualidade dessas duas bebidas está intimamente ligada à carga de stress que passamos.

Café é o combustível, cerveja a recompensa. Não acredito que seja uma questão de status ou poder de compra, apenas o nível de intensidade do que necessitamos. Do Utam ao café civeta, da Bavária à Thomas Hardy’s, há dias que corremos contra o tempo numa luta frenética para alcançar a perfeição, em outros podemos acordar mais tarde e termos prazos mais flexíveis. Hoje estou mais tranquilo, trabalhos entregues e não teremos horas extras. O expresso de máquina na empresa e uma Heineken após o expediente já devem ser suficientes…

Fonte: Clube do Malte